terça-feira, 11 de novembro de 2008

ANTECEDENTES À TORRE: EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS DO SÉCULO XIX





O olho habituar-se-á pouco-a-pouco a essas perspectivas gigantescas; inicialmente surpreso, terminará admirando tudo. É a visão do grande. (PARVILLE, 1889, p. 62)



Projeção Torre Eiffel


As Exposições Universais surgiram com o intuito de mostrar ao mundo o que estava sendo produzido pela nova tecnologia. Estas eram as vitrines dasrelações que se estabeleceram entre produtores, comerciantes e consumidores.


Devido às barreiras alfandegárias existentes na época, as Exposições mantinham um caráter nacional, com exceção da Inglaterra, que comercializava os produtos anunciados nas feiras, por ter isenção alfandegária. Após 1850, a França passa a ter maior mobilidade alfandegária, se tornando a pioneira de um movimento que tornou as Exposições Universais.



Instalação do grande balão de Giffard na Exposição Universal de Paris, 1867


Londres foi a primeira a sediar as Exposições de caráter universal, em 1851, quando é realizado um concurso internacional, para a escolha do projeto para o pavilhão da Exposição. Nesta feita participaram 245 competidores, sendo 27 franceses. Nota-se que a França sempre se mostrou inteirada dos acontecimentos referente às mudanças que estavam ocorrendo no mundo.



Palácio de Cristal, em Londres, 1851


A Primeira Exposição Universal Francesa aconteceu em 1855. O projeto era para uma grande construção em ferro e vidro. Entretanto, a indústria francesa não estava apta a responder à esse tipo de construção como a inglesa, então revestiu o edifício com alvenaria, limitando o ferro apenas à cobertura da sala.


Em 1867 é organizada a Segunda Exposição Universal de Paris, a qual ocorre no Campo de Marte, em um edifício provisório de forma oval. Sustentada por arcos metálicos e pilastras que se prolongam até o exterior e se ligam com vigas por cima da abóboda envidraçada, com um vão de 35 metros, foi denominada “Galerie dês Machines”.


Apenas 11 anos mais tarde, em 1878, que a França pôde hospedar novamente uma Exposição Universal, isso devido aos acontecimentos da Guerra Civil e da Comuna. A construção dessa Terceira Exposição de Paris são dois grandes edifícios: um provisório, também no Campo de Marte e outro, permanente, do outro lado do Sena.


O edifício provisório não é associado à construção em alvenaria, sendo sua fachada construída com cerâmica multicolorida, e possui um aspecto de bastante vivacidade, embora esteja carregada de decorações ecléticas. Já o permanente é, necessariamente, associado com uma estrutura em alvenaria e emprega-se ferro somente para a cobertura, sendo as demais partes também recobertas de decoraçãoeclética.


Mesmo nesses casos, que não ultrapassavam os limites tecnológicos já existentes e mostrados por outros países, as construções do século XIX eramduramente criticadas como escreve Kaempfen (1867, p. 2007):

“Palácio? Será o nome a ser dado a esta vasta construção que encerra em seu perímetro os mais numerosos produtos da arte e da indústria jamais reunidos em um só local? Não, se essa palavra implica necessariamente a idéia de beleza, de elegância e de majestade. Não é bela, nem elegante, nem mesmo grandiosa, essa enorme massa de ferro e tijolos, cujo conjunto o olhar não consegue abranger; é pesada, baixa, vulgar. Porém, se é suficiente que um edifício, mesmo destituído de tudo aquilo, contenha incalculáveis riquezas, então por certo é um palácio esse estranho objeto, que não tem precedentes na arquitetura.”


Palácio de Cristal


Mas, é em 1889, que a mais importante de todas essas Exposições do século XIX acontece. Comemorando o centenário da tomada da Bastilha, também é organizada no Campo de Marte e compreende um conjunto de edifícios que se comunicam: um Palácio com planta em U, a Galeria das Máquinas e a torre de 300 metros.


Vista aérea da Expoisção de 1889



O Palácio projetado por J. Formigé (1845-1926) é uma obra pesada e complicada, com uma cúpula sobrecarregada de ornamentos; mas a Galerie e a Torre, se bem que carregadas de decorações nem sempre felizes, são as marcantes dentre as construídas até então em ferro, e, por suas dimensões, colocam também novos problemas arquitetônicos. (BENEVOLO, 1976, p. 140)



A Galerie dês Machines é projetada por Ch. L. F. Dutert. Sua vastidão faz com que “o olhar não julga mais o conjunto da sala como um vão fechado, mas sim como um ambiente ilimitado, definido por um ritmo recorrente a perder de vista, como as ruas de Haussmann”, como define Benevollo (1976, p. 144).


Por fim, fica à Gustave Eiffel título de genialidade por desenvolver a Torre. Entretanto, o mesmo conta com dois engenheiros empregados em sua empresa: Nouguier e Koechlin; enquanto que o arquitetônico fica na responsabilidade de Sauvestre.


Caricatura de Gustavel Eiffel


As construções em ferro parecem agora ter chegado ao vértice de suas possibilidades. Depois de 1889, a obra mais importante é a cúpula para a Exposição de Lyon em 1894, com um diâmetro de 110 metros. Progride, por outro lado, rapidamente, nos últimos dois decênios do século, o novo sistema de edificação, o concreto armado, que invade rapidamente o campo da edificação comum, graças a sua conveniência econômica, sobretudo após a publicação dos regulamentos. O crescimento extremamente rápido das cidades, especialmente nos países que somente agora se industrializam, como a Alemanha, demanda da indústria de construção um esforço extraordinário que exige uma revisão completa dos métodos de construção antigos. (BENEVOLO, 1976, p. 148)

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